Importância das abelhas como agentes polinizadores
Polinização é a transferência do pólen (que é o gameta masculino) da parte masculina para a parte feminina da mesma flor ou de outra flor da mesma espécie. Diferentes agentes podem ser responsáveis por essa transferência: o vento, aves, morcegos, pequenos mamíferos, borboletas e outros insetos, como as abelhas. Elas são os agentes mais adaptados e eficientes para realizar essa tarefa, uma vez que se alimentam exclusivamente de recursos florais por toda a sua vida, desde larvas e pupas até os adultos. Uma abelha pousa em aproximadamente mil flores por dia em busca de alimento. A polinização é uma atividade involuntária, mas fundamental para as plantas, que sabendo dessa importância, se empenham em tornar as flores o mais atrativas possível, com uma enorme variedade de formas, cores e perfumes.
A polinização permite a manutenção da biodiversidade, pois garante a variação genética tão importante para o desenvolvimento das espécies, o equilíbrio dos ecossistemas e a reprodução das plantas. Comprovadamente os frutos provenientes de flores polinizadas têm mais sementes, melhor formato, maior valor nutritivo, melhor sabor e durabilidade, ou seja, a polinização tem também um efeito direto sobre a qualidade de frutos e sementes usados na alimentação humana. Mais de 75% das espécies utilizadas pelo homem na produção de alimentos dependem da polinização para uma produção de qualidade e em quantidade.
Existem no mundo mais de 20.000 espécies de abelhas, diferentes em morfologia e hábitos. Muitas são solitárias, não vivem em colônias e não produzem mel, mas todas elas atuam como polinizadoras. As abelhas Apis, que são nativas da Europa, África e parte da Ásia foram domesticadas pelo homem e levadas pelos colonizadores para diferentes partes do mundo, inicialmente para a produção do mel. A partir dos anos 70 a importância das abelhas na polinização teve destaque e em alguns países passou a ser considerada essencial na economia agrícola. As abelhas sem ferrão, também conhecidas como meliponídeos, são abelhas nativas e com excepcional atividade polinizadora de áreas com grande biodiversidade. Elas são usadas em programas de restauração ambiental para o resgate da flora original e são essenciais também na agricultura, tanto em campo aberto quanto em estufas, atuando como agentes polinizadores de culturas específicas como manga, coco, morango, café, entre outras.
Atualmente, temos tido um declínio na quantidade de polinizadores devido, entre outros fatores, ao desmatamento de áreas com vegetação nativa e ao uso inadequado de práticas de cultivo, como o uso abusivo e indiscriminado de pesticidas e alguns fungicidas. As consequências desta diminuição podem ser desastrosas para a humanidade. Estudos mostram que esta perda, em escala global, levaria a uma diminuição considerável na produtividade agrícola, impactando no abastecimento e custo de frutas e vegetais.
A preservação dos polinizadores é necessária. Em alguns países já existe um investimento específico no manejo de paisagens com o objetivo de adequar as propriedades, tornando-as mais atrativas ao desenvolvimento de populações polinizadoras. É crescente inclusive o mercado de aluguel de colônias de Apis melífera para serem usadas na produção agrícola.
É fundamental ter consciência de que a preservação das abelhas está intimamente ligada à manutenção da vida em nosso planeta, assim como dos nossos hábitos alimentares. Mudanças no manejo agrícola como o uso consciente de pesticidas e agrotóxicos e a diminuição das queimadas e do desmatamento, são exemplos de ações que podem ser tomadas buscando a preservação desses agentes.